MODELOS DE ASSISTÊNCIA E SUA ASSOCIAÇÃO COM A CRONICIDADE DE FERIDAS EM USUÁRIOS ACOMPANHADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Resumen
Introdução: As feridas crônicas representam um importante desafio para o sistema de saúde brasileiro, acometendo cerca de cinco milhões de pessoas e exigindo cuidados prolongados, recursos terapêuticos diversificados e múltiplas intervenções. Esses agravos comprometem significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, gerando impactos físicos, emocionais, sociais e econômicos. A Atenção Primária à Saúde, por ser a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde, desempenha papel estratégico no enfrentamento dessas condições, sendo responsável pelo acolhimento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento longitudinal dos usuários acometidos por feridas. Nesse contexto, compreender os fatores que influenciam o cuidado prestado na Atenção Primária à Saúde torna-se fundamental para o aprimoramento das práticas assistenciais. Objetivo: Analisar as associações entre o profissional responsável pela realização do curativo e variáveis como o tempo de tratamento da lesão, o tempo de existência da ferida e a condição de moradia dos usuários acompanhados pela Atenção Primária à Saúde em um município mineiro. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, observacional e descritivo, desenvolvido com base em dados secundários provenientes do acompanhamento de usuários com feridas crônicas em unidades de saúde de um município de grande porte do estado de Minas Gerais. Foram consideradas variáveis dependente o tipo de profissional que realizava os curativos e independentes o tempo de tratamento, tempo de existência da ferida e condição de moradia. A análise estatística incluiu testes de associação, adotando-se nível de significância de p<0,05. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa, conforme parecer consubstanciado no número: 7.347.27. Resultados: A análise revelou associações estatisticamente significativas entre o profissional responsável pelo curativo e todas as variáveis de desfecho. Observou-se que o tempo de tratamento da lesão estava diretamente associado a quem realizava o cuidado (p<0,001). Tratamentos mais longos, superiores a três meses, eram predominantemente realizados por técnicos de enfermagem (81,0%), ou em arranjos compartilhados entre técnico e cuidador (90,9%) e entre cuidador e outras instituições (93,8%), sugerindo que a ausência de liderança do enfermeiro está ligada a uma maior duração do tratamento. De forma similar, o tempo de existência da ferida também se associou ao profissional (p=0,015). Sendo que as lesões mais antigas, superiores a um ano, foram frequentemente cuidadas por técnicos e cuidadores. A condição de moradia (p=0,006) também influenciou o modelo de cuidado, com pacientes em instituições de longa permanência recebendo mais cuidados de instituições externas. Conclusão: Este estudo fornece evidências quantitativas robustas de que os modelos de assistência na Atenção Primária estão diretamente associados à cronicidade das feridas. A fragmentação do cuidado e a delegação de procedimentos complexos a profissionais técnicos ou a leigos sem a avaliação, o planejamento e a supervisão contínua do enfermeiro, estão ligados a piores desfechos clínicos. Os achados reforçam a centralidade do enfermeiro, e em especial do estomaterapeuta, como figura essencial para garantir uma assistência qualificada, baseada em evidências e com maior resolutividade, sendo, portanto, um componente essencial nas redes de atenção à saúde, inclusive na Atenção Primária.Descargas
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Publicado
2025-10-01
Cómo citar
Moreira, D. A., & Junior, A. D. C. P. (2025). MODELOS DE ASSISTÊNCIA E SUA ASSOCIAÇÃO COM A CRONICIDADE DE FERIDAS EM USUÁRIOS ACOMPANHADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Congreso Brasileño De Terapia Estomal. Recuperado a partir de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2183
Número
Sección
Artigos
