ANÁLISE DO CUSTO-EFETIVIDADE DA UTILIZAÇÃO DE PAPAINA EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO RECIFE
Resumo
Introdução: A elevação dos gastos em saúde, agrupado à necessidade de se buscar eficiência na destinação dos recursos, tem ocupado papel considerável no rol das discussões de políticas públicas. Evidencia-se que no Brasil, várias disposições foram eleitas na busca de incorporar as evidências científicas no processo de decisão coletiva nos últimos anos. O estudo de custo-efetividade é um método que visa originar, de forma sistemática e objetiva, a analogia entre os custos e os benefícios derivados de intervenções preventivas. Essa análise também pode ser percebida como um instrumento de apreciação de valor das interferências em saúde, uma vez que essa metodologia busca completar uma lacuna existente entre as preferências e a ciência. Nessa perspectiva, a avaliação econômica em saúde tem sido alvo de diversas pesquisas na área específica do tratamento de feridas, especialmente na avaliação do custo-efetividade do uso de coberturas. O enfermeiro colabora de maneira efetiva na avaliação da ferida e diante dos recursos e tecnologias lançados pelas indústrias, torna-se necessário, portanto, avaliar as melhores opções de coberturas, considerando a eficácia e a eficiência. Por esta razão a prática clínica baseada em evidências contribui para o processo de decisão, embasados nas evidências científicas que possibilitem recomendações para o uso. Neste contexto, um produto utilizado no tratamento de feridas é a papaína, um composto desbridante químico, que começou a ser utilizado no Brasil em 1983, produzida do látex do fruto verde do mamoeiro, Carica papaya. Trata-se de uma combinação complexa de enzimas proteolíticas e peroxidases, que provoca a proteólise do tecido necrótico e/ou desvitalizado, promovendo ações bacteriostáticas, bactericidas e anti-inflamatórias. Objetivo: Analisar o custo-efetividade da implementação do uso da papaína de um hospital filantrópico do Recife. Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, transversal, com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada por meio do acesso à dados relativos aos anos de 2015 a 2021, obtidos do sistema de controle de estoque MV2000 de um hospital filantrópico de Recife (PE). Os dados obtidos foram transferidos para uma planilha em forma de tabelas, elaborados no Microsoft Office Excel versão 2010, onde foram analisados a razão e proporção das informações coletadas, e posteriormente analisados descritivamente através de frequências absolutas e relativas e percentuais para as variáveis categóricas. Esta pesquisa seguiu as diretrizes dispostas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa e por se tratar de um estudo que utiliza dados secundários, não existiram implicações éticas envolvidas, não necessitando de análise pelo comitê de ética e pesquisa. Resultados: O hidrogel com 30 gramas foi utilizado no intervalo de 4 anos e foi disponibilizado para o complexo hospitalar 14.903 unidades, vale salientar que a partir do segundo semestre de 2017 e durante o ano de 2018 já estava em transição o uso da papaína. Desde sua institucionalização em 2017 até 2021, a papaína com 50 gramas e manipulada na formulação de 6% e 10%, foi disponibilizada para uso 12.065 unidades. Verificou-se que o custo médio por unidade do hidrogel foi em torno de R$ 35 reais, já a papaína manipulada sai em torno de R$ 6 reais a unidade. Diante do exposto observou-se uma redução de custo total do produto de aproximadamente 86%. Os resultados indicaram que a análise a partir do custo-efetividade contribui para tomada de decisão eficaz e em especifico para utilização da papaína como cobertura padrão para desbridamento de tecido desvitalizado e cicatrização. A utilização desta cobertura promoveu mudanças na redução de custo sem comprometer a efetividade nos resultados da cicatrização. Em estudo desenvolvido para comparar a diferença de custos entre os tratamentos com papaína e hidrogel, observou que é praticamente o dobro o custo com o curativo, principalmente pelo preço da cobertura primária. Um bom gerenciamento dos recursos permite a realocação para melhorar o atendimento, adquirir novas tecnologias, qualificar a mão de obra, dentre outras alternativas. Destaca-se que o hidrogel é um tipo de desbridante autolitico qualificado pela propriedade de hidratação do leito da ferida, estimulando as ações endógenas do corpo para desbridamento do tecido desvitalizado, possui forma farmacêutica semissólida, caracterizada por serem formadas a partir de polímeros e serem hidrofílicos composto por composto de água, carboximetilcelulose. Em contrapartida tem-se a papaína um desbridante enzimático com várias porcentagens que pode ser utilizado em diversos tipos de tecido que vai da granulação a necrose de difícil retirada. No estudo que comparou a efetividade do gel de papaína a 2% e o gel de carboximetilcelulose a 2%, descreveu que em relação a redução de tecido desvitalizado no leito da úlcera, o resultado foi significativo nos dois grupos. Observou-se também que ambos os grupos apresentou cicatrização favorável com redução de tecidos desvitalizados e crescimento de tecido de granulação. Em relação a quantida de tecido de epitelização o grupo que utlizou papaina apresentou aumento significativo, durante o tratamento. Em relação aos efeitos das duas coberturas verifica-se que apesar de serem substancias com propriedades diferentes ambas cumprem com a sua finalidade desbridante. O que viabilizou a substituição do produto, visando o custo-benefício e efetividade no encurtamento da cicatrização das lesões. A papaína foi padronizada em 2017 no segundo semestre, como alternativa de substituição ao uso de hidrogel, que foi utilizado nesta instituição até 2018, após educação continuada/treinamento com a equipe assistencial da enfermagem e equipe médica, para conhecimento e manejo da cobertura, levando em consideração a sua porcentagem. Ficando a comissão de curativos na responsabilidade quanto aos pareceres e treinamento com a equipe. A papaína tem a formulação cremosa e é manipulada pela farmacotécnica desta instituição. Conclusão: Em suma trouxe benefício ao paciente com a cicatrização oportuna, com tratamento sem dor, com retirada atraumática e de fácil adesão, além de ser um método sustentável de cuidado não foi evidenciado nenhum efeito adverso quanto sua utilização. Com isso proporcionando ao profissional de enfermagem suporte para indicação e manejo deste produto.Downloads
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Publicado
2025-10-01
Como Citar
Rocha, G. M. D. S., Oliveira, J. E. C., Silva, E. D. P., & Medeiros, G. B. (2025). ANÁLISE DO CUSTO-EFETIVIDADE DA UTILIZAÇÃO DE PAPAINA EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO RECIFE. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2326
Edição
Seção
Artigos
