TRANSFOBIA NO USO DE BANHEIROS PÚBLICOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM AS DISFUNÇÕES DE TRATO URINÁRIO INFERIOR: ESTUDO TRANSVERSAL
Resumo
Introdução O comportamento sanitário corresponde à forma como a pessoa responde ao desejo de urinar. Um comportamento saudável envolve reconhecer a vontade miccional, acessar um banheiro adequado, adotar uma postura confortável, relaxar e urinar espontaneamente. Entretanto, práticas como antecipar ou adiar a micção, evitar banheiros, forçar para urinar rapidamente ou adotar posturas inadequadas podem prejudicar a bexiga e o assoalho pélvico, aumentando a tensão muscular, distensão vesical e o resíduo pós-miccional. Pessoas trans frequentemente enfrentam discriminação e violência ao utilizar banheiros públicos, o que pode levá-las a desenvolver comportamentos sanitários inadequados e, consequentemente, maior prevalência de disfunções do trato urinário inferior. Objetivo Analisar o comportamento sanitário de pessoas trans no Brasil e sua associação com disfunções do trato urinário inferior. Método Estudo exploratório-descritivo, transversal, realizado com 131 pessoas trans residentes no Brasil. Os participantes foram recrutados online, por amostragem por conveniência e técnica bola de neve, utilizando redes sociais e coletivos LGBTQIAPN+. A coleta ocorreu por formulário eletrônico, incluindo caracterização sociodemográfica e clínica, os instrumentos ICIQ-FLUTS ou ICIQ-MLUTS (conforme sexo designado ao nascimento) e uma versão adaptada do TB-WEB para avaliar comportamento sanitário. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial, considerando p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 7.028.208). Resultados Participaram 131 pessoas, com média de idade de 28,2 anos (DP = 8,6). A maioria se identificou como homem trans (47,3%), seguida por mulher trans (24,4%), pessoas não binárias (15,3%), travestis (4,6%), transmasculinos (3,8%), fluídos (3,1%) e outros (0,7%). A escolaridade predominante foi ensino superior incompleto (26,7%). Em relação aos sintomas urinários, 51,5% apresentaram escore ?3 para bexiga hiperativa, 40,9% para sintomas de esvaziamento e 34,8% para incontinência urinária. Quanto ao comportamento sanitário, 61,1% relataram antecipar a micção, 70,2% urinar de forma forçada e 87,0% adiar a vontade de urinar. Sobre o uso de banheiros públicos, 66,4% sentiram constrangimento, 63,4% sentiram insegurança, 33,6% relataram ter sofrido transfobia e 62,6% deixaram de usar banheiros por medo ou constrangimento. Houve associação significativa entre os escores de bexiga hiperativa e antecipar o desejo de urinar (p = 0,018), forçar para acelerar a micção (p = 0,001) e adiar a micção (p = 0,042), bem como entre o escore de esvaziamento e forçar para acelerar a micção (p = 0,014). Conclusão A prevalência de comportamentos sanitários inadequados é alta entre pessoas trans e se justifica pelas vivências de insegurança, constrangimento e experiências de transfobia no uso de banheiros públicos. Esses comportamentos estão associados à elevada prevalência de disfunções do trato urinário inferior, especialmente bexiga hiperativa, ressaltando a necessidade de estratégias de promoção de ambientes seguros e inclusivos, além de ações educativas voltadas à prevenção e manejo dessas disfunções.Downloads
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Publicado
2025-10-01
Como Citar
Arnandes, B. C. D. S., Mariano, B. F., Delvaz, L. B., & Assis, G. M. (2025). TRANSFOBIA NO USO DE BANHEIROS PÚBLICOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM AS DISFUNÇÕES DE TRATO URINÁRIO INFERIOR: ESTUDO TRANSVERSAL. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2347
Edição
Seção
Artigos
