PERFIL DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS DE ELIMINAÇÃO INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE TRAUMA EM FORTALEZA
Palavras-chave:
Estomaterapia, Estomia, Enfermagem, Perfil de saúdeResumo
PERFIL DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS DE ELIMINAÇÃO INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE TRAUMA EM FORTALEZA. Karla Andrea de Almeida Abreu1; Débora Taynã Gomes Queiroz2; Silvania Mendonça Alencar Araripe3; Ana Débora Alcantara Coelho Bomfim4 ; Karine Bastos Pontes Sampaio5; Alice Silva Osterne Ribeiro6, Carlos André Lucas Cavalcanti7, Márcia Vital da Rocha8 INTRODUÇÃO: As lesões por trauma constituem uma relevante causa de mortalidade no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a violência no trânsito e a urbana tem prevalecido sobre uma parcela jovem da população, levando muitas vezes a sequelas incapacitantes ou ainda intervenções de urgência4. Em cirurgias abdominais de urgência, geralmente são confeccionadas estomias, as quais são a exteriorização da víscera oca do organismo, tendo como intuito desviar as eliminações, para tratar a área gastrointestinal que foi comprometida, que podem ser temporárias ou definitivas e necessitam de cuidados específicos no intra-hospitalar até o manejo no domicílio2,4. A denominação da estomia irá depender de qual segmento corporal foi afetado1. Referente a porção intestinal têm-se, as jejunostomias, ileostomias e colostomias1,2. O paciente estomizado utiliza um sistema coletor que adere ao abdome, com a finalidade de proteger a pele e coletar o efluente intestinal1,3. Nesse prisma é preciso conhecer o perfil da clientela assistida para definir as implementações de cuidados durante atendimento, visando prestar uma assistência de qualidade à pessoa com estomia3. Assim consideramos relevante conhecer o perfil das pessoas com estomia intestinal de eliminação internadas em hospital referência em trauma, para assim, buscar estratégias e insumos que possam melhorar o atendimento e contribuindo para adaptação a essa nova realidade. OBJETIVO Apresentar o perfil de pessoas com estomias intestinais para eliminação internadas em um hospital de trauma em Fortaleza. METODOLOGIA: Estudo transversal retrospectivo desenvolvido em um hospital referência em trauma em Fortaleza.Ceará, Brasil. O levantamento dos dados clínicos e sociodemográficos dos pacientes com estomias intestinais de eliminação, ocorreu no Serviço de Estomaterapia no período de fevereiro a março de 2023, a partir dos registros de atendimentos realizados de janeiro de 2022 à janeiro de 2023 compilados em planilhas de excel. A amostra de 95 registros foi delimitada por critérios inclusivos como pessoas maiores de 18 anos com estomias intestinais de eliminações (colostomias e ileostomias) que permaneceram internados nas unidades de clínica cirúrgica, acompanhados pelo serviço de estomaterapia. Foram excluídos registros incompletos e de readmitidos para reversão de estomia. Os dados coletados constam em uma ficha de consulta de enfermagem a pessoa com estomia intestinal, utilizada pelo setor da estomaterapia. Foram extraídos os dados referentes ao sexo, faixa etária, grau de instrução, motivo da internação, tipo de estoma e as suas complicações. Os dados foram organizados em planilhas do |Excel e submetidos a análise estatística descritiva. O estudo seguiu os trâmites e exigências formais em pesquisa com aprovação do comitê de ética do Instituto Dr José Frota, sob CAAE nº 611.459.22.3.0000. 5047. RESULTADOS: O perfil sociodemográfico dentre 95 pacientes avaliados evidenciou que a maioria 83 (87,3%) era do sexo masculino, desses 30 (36,1%) predominando a faixa etária de 18 a 28 anos, os quais 49 (59,0%) tinham apenas o ensino fundamental. Dentre os 95 pacientes o ferimento por arma de fogo foi o motivo de internação prevalente em 55 (57,8%) pacientes. As estomias confeccionadas foram 64 (67,3%) colostomias e 31 (32,6%) ileostomias. As complicações mais incidentes foram dermatite periestoma 33(31,35%), retração 15 (14,25%), descolamento mucocutâneo parcial 9 (8,85%). As características de um estoma dentro da normalidade incluem: coloração vermelho brilhante, úmido, eliminação de fezes sem controle voluntário, indolor ao toque, pele periestoma íntegra com coloração semelhante ao restante do abdômen2,3. A dermatite periestoma é a complicação observada no estudo com a maior frequência. E a sua presença danosa, tem como consequência a dor intensa e a perda da continuidade da pele, a qual tem como função proteger e atuar como barreira contra infecção1,2,3. As complicações das estomias de modo geral estão relacionadas ao tipo de estomia, características da pele, idade, condições físicas do paciente, presença de outras afecções clínicas associadas e construção cirúrgica do estoma. Essas complicações podem ocorrer no pós operatório imediato, precoce ou tardio3,4. CONCLUSÃO: Os resultados apontaram uma população jovem masculina vítima de ferimento por arma de fogo com nível de conhecimento limitado, remetendo a violência urbana. Esses pacientes, em quase toda totalidade, devido ao mecanismo agudo e urgente do trauma, não são orientados previamente quanto a confecção do estoma e acabam se deparando com essa nova condição de estomizado após o tratamento cirúrgico de urgência. Nesses pacientes vítimas de trauma a estomia ocorre, na sua grande maioria, de forma temporária. Podendo então, posteriormente submeter-se a um procedimento para reconstruir o trânsito intestinal normal. A enfermagem tem um papel essencial junto a esse paciente na avaliação e conscientização dessa nova modalidade de vida. Atuando de forma positiva a fim de promover uma reabilitação física e psicossocial desse indivíduo. Esses pacientes necessitam de um acompanhamento multidisciplinar para uma melhor compreensão da sua nova condição e dessa forma facilitar o aprendizado para o autocuidado e reabilitação. Considerando o atendimento de trauma da instituição, quando as estomias são confeccionadas de urgência, sem demarcação prévia, dificultando assim a fixação dos dispositivos coletores. Percebemos a necessidade da atuação do enfermeiro estomaterapeuta para implementar esse procedimento de demarcação da estomia atuando de forma integrada ao bloco cirúrgico. As complicações evidenciadas no estudo denotam desafios à estomaterapia do hospital mas também justificam a provisão de insumos adjuvantes no manejo da estomias, tornando relevante conhecer o perfil de pessoas com estomias atendidas. O papel do estomaterapeuta incluído na equipe multidisciplinar foi um ganho em potencial para o serviço e principalmente para os pacientes estomizados. Este profissional, atua nas complicações, fornece orientações à equipe e ao paciente atuando na reabilitação, preparando-o para a inserção na sociedade.
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Referências
Ribeiro, W. A., Andrade, M., Fassarella, B. P. A., de Melo Flach, D. M. A., Teixeira, J. M., da Silva Santiago, K. C. D., & Ranauro, R. D. D. S. S. Perfil de pacientes do núcleo de atenção e saúde da pessoa estomizada: na ótica sociocultural e econômica. Nursing São Paulo.2019; 22(251), 2868-2874. 2. Rolim, T. C. A., Pereira, A. D. A., de Lima Ferreira, C. L., & da Silva, F. P. Pessoa com Estomia no município de Santa Maria/RS: características sociodemográficas e clínicas. Disciplinarum Scientia| Saúde.2021; 22(2), 71-78. 3. Mareco, A. P. M., Pina, S. M., & Farias, F. C. A. Importância do enfermeiro na assistência de pacientes com estomias intestinais. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde. 2019 4. Martins, B. D. S. S., Pimentel, C. D., & de Moura Rodrigues, G. M.. Atuação do enfermeiro na assistência ao paciente politraumatizado. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde. 2021