APLICAÇÃO DE PAPAÍNA EM FERIDAS FALCÊMICAS

Autores

  • DAYSE CARVALHO DO NASCIMENTO HUPE/UERJ
  • GRACIETE SARAIVA MARQUES HUPE/UERJ
  • PATRICIA ALVES DOS SANTOS SILVA FENF/UERJ
  • CAROLINA CABRAL PEREIRA DA COSTA FENF/UERJ
  • CAROLINE RODRIGUES DE OLIVEIRA FENF/UERJ
  • NORMA VALÉRIA DANTAS DE OLIVEIRA SOUZA FENF/UERJ

Resumo

INTRODUÇÃO: As feridas crônicas são consideradas um problema de saúde pública, uma vez que acometem a população com elevados custos terapêuticos e alteração da qualidade de vida e bem estar dos pacientes acometidos. Dentre essas lesões, encontram-se com alta incidência as lesões falcêmicas presentes em pessoas com Doença Falciforme (DF), um quadro grave e degenerativo com danos cumulativos, e muitas vezes irreversíveis, que, sem acompanhamento, podem apresentar complicações cardiopulmonares e renais, anemias severas, necroses ósseas, dor crônica e úlceras de perna com necessidade de cuidados prolongados e contínuos, alternando períodos de agudização e de instabilidade da doença, levando ao isolamento social e afastamento do trabalho. Dessa forma, compreender conceitos sobre a avaliação da pele, prevenção e tratamento de feridas com suas especificidades são alguns dos importantes tópicos que devem fazer parte da assistência multiprofissional. As terapias tópicas têm sido incorporadas no tratamento de feridas, entre eles os biocurativos com destaque para papaína por seu custo e benefício. A papaína é uma enzima proteolítica, proveniente do látex do fruto verde do mamoeiro (Carica papaya), desbridante enzimático, bactericida, bacteriostático e anti- inflamatório com seletividade por não interagir com tecido viável devido à antiprotease plasmática ?1- antitripsina. A partir dessa premissa, iniciou-se há décadas, o uso dessa enzima em pó em diferentes concentrações no tratamento de diversas lesões em pacientes de um hospital universitário, manipulado no Serviço de Manipulação da Farmácia da instituição citada. OBJETIVO: avaliar a efetividade da aplicação da papaína em pó em diversas concentrações no processo cicatricial das lesões falcêmicas. MÉTODO: estudo qualitativo e descritivo, CEP: 3.292.609/2019, desenvolvido com 26 pacientes com ciência do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com lesões falcêmicas no ambulatório de curativos de um hospital público universitário de grande porte no município do Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2019 a janeiro 2022, em consultas prestadas por estomaterapeutas tendo como conduta a aplicação de papaína em pó com diversas concentrações de acordo com as características das lesões. O critério de exclusão abordou os pacientes com história de alergia ao látex , baixo nível de cognição e a não adesão às consultas. O estudo foi balizado com utilização da ferramenta de avaliação Pressure Scale for Healing (PUSH). Tal instrumento inclui três parâmetros: área da ferida, quantidade de exsudato e tipo de tecido no leito da ferida. O score final é obtido mediante a soma dos sub-escores desses parâmetros e varia de zero a 17, sendo que, quanto maior o escore total, piores são as condições de cicatrização da úlcera. Para cada consulta foi utilizado um roteiro contendo: dados sociodemográficos e clínicos; avaliação da ferida por meio do instrumento de avaliação PUSH; indicação para prescrição do uso da enzima papaína 2%, 10% ou 30% de acordo com avaliação do estomaterapeuta e avaliação da queixa de dor utilizando a escala visual analógica (EVA). A cada consulta seguiu-se os passos : lesões irrigadas com soro fisiológico 0,9% ; avaliação da ferida por meio da ferramenta PUSH; em presença de tecido necrótico ou esfacelo intenso foi realizado desbridamento conservador e as indicações para uso da enzima em pó nas concentrações: papaína 2% ativada com Soro fisiológico 0,9% em presença de tecido de granulação; papaína 10% associada com Soro Fisiológico 0,9% em lesão com esfacelo, de moderado a intenso; e papaína 30% associada com ureia 10% quando em presença de tecido necrótico, após realização da técnica de Square ou desbridamento conservador com instrumental cortante. Cabe ressaltar que em todas as áreas perilesionais foram aplicados creme ou spray barreira para proteção de área adjacente, e como cobertura secundária espuma de poliuretano. Todas as evoluções foram registradas no prontuário eletrônico. Durante a consulta foi proporcionado o treinamento e orientações sobre as trocas do curativo pelas estomaterapeutas ao paciente e familiar a fim de estimular e favorecer o engajamento dos mesmos, assim como informações acerca da conservação e manuseio com a enzima, reforçando a prescrição para troca diária em domícilio e retorno ao consultório semanalmente. Os dados foram armazenados e tabulados com o uso do Microsoft Excel, a partir de estatística simples e percentual analisados e aplicados ao instrumento PUSH. RESULTADOS: Toda população selecionada compreendeu a faixa etária entre 16 a 58 anos, dos 24 homens e 2 mulheres, sendo que 3 foram excluídos sem aderência as consultas, perfazendo 23 participantes. Em acompanhamento médio de 8 meses de consultas, pode-se identificar que a PUSH inicial teve em média de 11. Com relação às lesões epitelizadas conforme a PUSH 0, foram encontradas 13 (56,52%) pacientes que obtiveram o tempo médio de cicatrização de 6 meses e em 04 (17,39%) tempo médio de 4 meses. Detectou-se 4 (17,39%) pacientes evoluíram durante o acompanhamento com processo infeccioso sistêmico seguido de descompensação da DF sendo necessário encaminhamento médico com prescrição de antibioticoterapia oral, conseguindo após 02 meses a redução da PUSH 11 para 03 . Em 02 (8,69%) pacientes houve hipergranulação sendo aplicado topicamente solução hipertônica com resolução do problema, chegando a PUSH 09 e com reavaliação para PUSH de 3 . Com relação a intensidade da dor obteve-se registro inicial de dor forte (EVA: escores de 7 até 8), que durante o tratamento a média foi de 2-5. CONCLUSÃO: A aplicação da papaína em feridas falcêmicas foi efetiva confirmado pelo instrumento PUSH o qual atuou como orientação e colaborou com raciocínio clínico do enfermeiro evidenciando avanço no processo cicatricial reduzindo a dor e o tempo de cicatrização das lesões proporcionando o bem estar e melhora na qualidade de vida dos pacientes. Assim sendo, sugere-se maiores publicações acerca do tema a fim de contribuir com a produção do conhecimento a ser utilizado na prática assistencial de profissionais que cuidam de pacientes com úlceras falcêmicas. Ressalta-se que os participantes com cronicidade presente nas feridas falcêmicas, as quais associados ao perfil sócio demográficos, vem de encontro com as dificuldades de epitelização da ferida , o estudo possibilita analisar a correlação de significância estatística da evolução positiva pelo uso da papaína com os achados da diminuição da área ferida, do exsudato e presença de aumento de tecido de granulação. Como limitação da pesquisa considera-se a situação da pandemia do COVID-19 ter dificultado adesão dos pacientes às consultas.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

CARVALHO DO NASCIMENTO, D. ., SARAIVA MARQUES, G. ., ALVES DOS SANTOS SILVA, P. ., CABRAL PEREIRA DA COSTA, C. ., RODRIGUES DE OLIVEIRA, C. ., & VALÉRIA DANTAS DE OLIVEIRA SOUZA, N. . (2024). APLICAÇÃO DE PAPAÍNA EM FERIDAS FALCÊMICAS. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/596