AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ENFERMEIROS ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS TERMINAIS DE KENNEDY:

ESTUDO QUASE EXPERIMENTAL

Autores

  • IARA CORDEIRO SILVA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • SANDRA MARINA GONÇALVES BEZERRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • JEFFERSON ABRAÃO CAETANO LIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
  • ALINE COSTA DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI
  • DINARA RAQUEL ARAÚJO SILVA UNIVERISDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • VALÉRIA MARIA SILVA NEPOMUCENO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • MARILUSKA MACEDO LOBO DE DEUS OLIVEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • JÉSSSICA FERNANDA PEREIRA BRITO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

Resumo

INTRODUÇÃO: A Úlcera Terminal de Kennedy é uma lesão pouco conhecida na prática em saúde, que envolve tecidos profundos, o surgimento é repentino e a progressão é extremamente rápida, evoluindo em poucas horas do estágio I ao IV. As Úlceras Terminais de Kennedy são lesões inevitáveis, provenientes da insuficiência cutânea provocada pela hipoperfusão sanguínea na pele. Frequentemente, essas lesões são observadas em pacientes em estágio final de vida, evoluindo rapidamente, em tamanho e profundidade, em quadros clínicos que perpassam do estágio crítico para o estágio terminal nas unidades de internação hospitalares, notadamente em setores como as Unidades de Terapia Intensiva e sala de cuidados críticos. Destarte, é essencial que os profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, reconheçam as alterações de pele no final da vida, com ênfase para diagnóstico diferencial, de tal modo que, após a correta identificação, sejam estabelecidos planos de cuidados que favoreçam o bem-estar do paciente, proporcionando um cuidado voltado para adequação das suas necessidades de saúde. A assistência a indivíduos na fase final da vida, precisa ser revista pelos profissionais da saúde, devendo esses adotar abordagens terapêuticas mais apropriadas, a fim de prestar uma assistência de saúde adequada em uma etapa da vida que requer um olhar mais holístico e humano. Nessa perspectiva, cabe ao enfermeiro está atento aos sinais que expressam a falência dos órgãos vitais, levando especialmente em consideração a falência do maior órgão do corpo humano, a pele, que em muitas vezes expressa alterações significativas, com o aparecimento de lesões que predizem o risco iminente de morte do indivíduo. A identificação e diagnóstico precoce da Úlcera Terminal de Kennedy, devem ser uma abordagem importante em ambientes hospitalares, como na Unidade de Terapia Intensiva ou em setores com pacientes que evoluem do estágio crítico ao terminal, visto que esse tipo de lesão requer uma abordagem terapêutica única, devendo o cuidado enfocar a qualidade de vida restante do indivíduo e não na intenção de promover a cura dessa ferida. OBJETIVO: Avaliar o conhecimento de enfermeiros acerca da identificação das Úlceras Terminais de Kennedy antes e depois de uma intervenção educativa. MÉTODOS: Estudo quase experimental, de grupo único, do tipo antes e depois, que analisou o conhecimento acerca das Úlceras Terminais de Kennedy pelos enfermeiros atuantes nas Unidades de Terapia Intensiva e Sala de Cuidados Críticos de um hospital público do semiárido piauiense. A população do estudo foi composta por 26 enfermeiros. A coleta de dados foi realizada em três etapas. Na primeira etapa, foram aplicados questionários semiestruturados relacionados aos aspectos sociodemográficos, profissionais e referentes ao conhecimento sobre as Úlceras Terminais de Kennedy antes da intervenção educativa. Na segunda etapa, foi implementada uma intervenção educativa sobre Úlceras Terminais de Kennedy. A terceira etapa consistiu na aplicação do questionário sobre o conhecimento acerca das Úlceras Terminais de Kennedy após a intervenção educativa. Os critérios de inclusão, foram: ser enfermeiro generalista ou especialista, que trabalhasse nas Unidades de Terapia Intensiva e Sala de Cuidados Críticos do referido hospital, com vínculo empregatício há pelo menos um mês. Já os critérios de exclusão foram: enfermeiros que estivessem de atestado ou licença médicas e aqueles afastados por motivo de férias ou qualquer impossibilidade de comparecer ao serviço durante a coleta de dados. Também foram excluídos enfermeiros que exerciam exclusivamente atividades de gestão na unidade, uma vez que a presente pesquisa está voltada para prática assistencial dos enfermeiros. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Piauí, com certificado de apresentação e apreciação ética número 63421122.8.0000.5209 e com número de parecer 5.669.970. RESULTADOS: A maioria dos enfermeiros pertencia ao gênero feminino (65,4%), com idade média de 33,10 anos. Ressalta-se que, há muitas décadas, o setor saúde é majoritariamente feminino. O grau de formação evidenciou que 80,8% dos enfermeiros tinham especialização, sendo que a maioria era especialista em Terapia Intensiva e 69,2% já haviam frequentado algum curso ou treinamento sobre tratamento de feridas. Os dados da pesquisa vão em desencontro com um estudo realizado em outros hospitais públicos do Estado do Piauí, no qual 89% da equipe de enfermagem informou não haver participado de cursos na área de feridas (1). Segundo Kennedy, é comum, na fase final de vida, as pessoas experimentarem um fenômeno denominado Úlcera Terminal de Kennedy, cujo surgimento tem sido relacionado com pacientes em terminalidade(2). Dos enfermeiros pesquisados, 30,8% informaram nunca terem ouvido falar a respeito das Úlceras Terminais de Kennedy. Na prática profissional, 38,5% dos participantes relataram que não identificavam as lesões em pacientes que vieram a óbito. Além disso, antes da intervenção, 73,1% dos participantes classificavam as Úlceras Terminais de Kennedy como lesões por pressão. Destarte, para alguns autores, o conhecimento desse fenômeno pelos enfermeiros é insuficiente, o que afeta a qualidade da assistência prestada (3). Neste estudo, 65,4% dos enfermeiros não possuíam conhecimentos sobre às Úlceras Terminais de Kennedy. Essa configuração se modificou após a intervenção educativa, pois 57,7% dos participantes passaram a informar que tinham conhecimentos acerca da temática. Portanto, os profissionais relataram dificuldades na identificação das Úlceras Terminais de Kennedy. Essa falta de conhecimento, bem como as intervenções inadequadas a serem realizadas não proporcionam alívio do sofrimento e não geram conforto aos pacientes, ocasionando intervenções desnecessárias e sem serventia para o paciente, corroborando com estudo o qual destaca que o enfermeiro, para identificar essas lesões, precisa estar munido de conhecimentos apropriados, para não gerar desconfortos aos pacientes (). É deveras importante que a equipe de enfermagem seja esclarecida, assim como a família, sobre essas lesões, pois o seu aparecimento súbito está relacionado com o fim de vida. De acordo com Kennedy, o surgimento de uma Úlcera Terminal é um indicador de que o óbito poderá ocorrer no intervalo de tempo compreendido entre algumas horas até 6 a 8 semanas (). Assim, verificou-se que 61,5% dos participantes da pesquisa confirmaram, antes da intervenção, que as Úlceras Terminais de Kennedy surgem em sua grande maioria nas últimas horas ou últimas semanas de vida dos pacientes. Após a intervenção, esse questionamento teve um percentual com alteração significativa para 80,8% de respostas afirmativas dos enfermeiros. Quanto ao diagnóstico na identificação da etiologia das Úlceras Terminais de Kennedy antes da intervenção, observou-se que 46,2% dos participantes do estudo relataram está associada ao cisalhamento, fricção, nutrição insatisfatória, disfunção severa ou falha de outros sistemas e/ou órgãos, isquemia e umidade. Entretanto, em um contexto pós-intervenção, 57,7% dos enfermeiros associaram a etiologia apenas a alternativa relacionada a disfunção severa ou falha de outros sistemas e/ou órgãos e isquemia. Desse modo, após intervenção educativa, observou-se que a quantidade de acertos, relativos à etiologia das Úlceras Terminais de Kennedy, foi significativo. Referente a cicatrização parcial ou total das Úlceras Terminais de Kennedy, 38,5% dos pesquisados informaram não ser possível ocorrer a cicatrização. No entanto, após a capacitação, 76,9% dos enfermeiros confirmaram a não possibilidade de cicatrização dessas úlceras, abrangendo-se mais uma variável com resposta considerada assertiva. Na pesquisa, ficou evidente que 100% dos enfermeiros referiram que a participação na intervenção educativa possibilitou melhoria na qualidade do cuidado prestado. CONCLUSÃO: A maioria dos profissionais relatou que aprendeu sobre Úlceras Terminais de Kennedy, após a intervenção realizada. Assim, ressalta-se a importância de educação continuada acerca da temática para enfermeiros, bem como a necessidade de registrar todos os casos de Úlceras Terminais nas unidades de serviço para que se tenha um banco com mais informações a respeito do tema proposto. Destaca-se a necessidade de mais investigação científica sobre as Úlceras Terminais de Kennedy, para o desenvolvimento de planejamentos que enfatizem mais o conforto e os cuidados paliativos, ao invés da cicatrização desse tipo de ferida.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

CORDEIRO SILVA, I., MARINA GONÇALVES BEZERRA, S. ., ABRAÃO CAETANO LIRA, J. ., COSTA DE OLIVEIRA, A. ., RAQUEL ARAÚJO SILVA, D. ., MARIA SILVA NEPOMUCENO, V. ., MACEDO LOBO DE DEUS OLIVEIRA, M., & FERNANDA PEREIRA BRITO, J. . (2024). AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE ENFERMEIROS ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS TERMINAIS DE KENNEDY:: ESTUDO QUASE EXPERIMENTAL. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/614