CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E CLÍNICA E ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO COM OS PÉS EM PESSOAS COM DIABETES MELLITUS
Resumo
Introdução: Dentre as complicações do Diabetes Mellitus (DM), a Doença do Pé Diabético destaca-se como uma das mais recorrentes e incapacitantes, caracterizada por infecção, ulceração ou destruição de tecidos do pé, geralmente é acompanhada por neuropatia e/ou Doença Arterial Periférica (DAP)(1). A prevenção das úlceras nos pés é essencial para reduzir o número de amputações não traumáticas de membros inferiores(2), sendo a realização de práticas de autocuidado e a modificação dos comportamentos de risco um dos aspectos mais importantes para essa prevenção(3). Objetivo: verificar a associação entre as caraterísticas sociodemográficas e clínicas e a adesão às práticas de autocuidado com os pés, realizadas por pessoas com DM na Atenção Básica. Método: estudo observacional, analítico, transversal, de abordagem quantitativa, realizado entre os meses de janeiro de 2022 a fevereiro de 2023. A amostra foi composta por 60 participantes, e para a coleta de dados utilizou-se a Ficha de avaliação clínica de membros inferiores para prevenção do pé diabético e o Questionário de Atividades de Autocuidado com o Diabetes. Para a análise dos dados, utilizou-se o Teste Qui-quadrado de Person e o Teste exato de Fisher (p-valor < 0,05). Resultados: a média de idade dos participantes foi de 59,6 anos (desvio padrão de 11,8), sendo a maioria com idade maior que 60 anos (n=32; 53,3%), do sexo feminino (75%; n=45), pardos (45%; n=27), aposentados (43,3%; n=26), com uma renda de até 1 salário mínimo (55%; n=33) e com companheiros (63,3%; n=38), sendo que 88,3% (n=53) moram com outras pessoas. Com relação à escolaridade 51,7% (n=31) tinham menos de oito anos de estudo. A maioria dos participantes apresentou baixa adesão às práticas de autocuidado. A frequência de realização das atividades de autocuidado (autoexame, exame dos calçados, uso de meias e hidratação) manteve-se entre 0 a 4 dias da semana, com significância estatística apenas para as práticas de exame dos calçados e ser do sexo feminino (p=0,03); e entre a hidratação dos pés e a raça amarela (p=0,02). A prática mais realizada entre os participantes foi a secagem dos pés após lavá-los. Conclusão: não houve significância estatística na análise da associação das práticas de autocuidado com as características clínicas da população. Verificou-se associação significativa entre o sexo feminino e o exame dos calçados entre 0 e 4 dias da semana e entre realizar a hidratação dos pés entre 0 e 4 dias e ser da raça amarela. Os resultados do estudo reforçam a importância da educação em saúde e do incentivo a prática de autocuidado nos pés durante as consultas na Atenção Básica. É importante que esses momentos de orientações sejam implementados, visto que a maioria da amostra, independentemente de suas características, apresentou uma baixa adesão às práticas.