CUSTOS DE TERAPIAS TÓPICAS UTILIZADAS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS COM FERIDAS CRÔNICAS
Resumo
Introdução: A limitação dos recursos financeiros destinados à saúde tem levado os profissionais à discussão acerca dos custos de terapias usadas em diferentes especialidades. Na Estomaterapia, os custos com o tratamento de feridas são onerosos. Estudo inglês mostrou custo estimado de 2,5 a 3,1 milhões por 100 mil habitantes em dois anos para o tratamento de lesões crônicas1. No Brasil, os estudos sobre custos com feridas crônicas tratadas no âmbito hospitalar são, ainda, incipientes. Objetivos: Estimar o custo direto das terapias tópicas usadas nas feridas crônicas em pacientes hospitalizados e verificar os possíveis fatores demográficos (sexo, idade) e clínicos (características da cicatrização: Pressure Ulcer Scale for Healing - PUSH, tempo de seguimento, localização) relacionados ao custo. Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo, descritivo e exploratório, desenvolvido em Hospital Geral, público. A casuística foi composta de 37 pacientes com 55 lesões crônicas de diferentes etiologias, que estavam hospitalizados. A coleta de dados foi iniciada após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e autorização a do Hospital. Após selecionados, os pacientes foram avaliados quanto às evoluções das lesões e o consumo de materiais e de tempo de trabalho dos enfermeiros na execução da terapia tópica, durante o tempo em que permaneceram internados e/ou enquanto permaneceram com a ferida. Para esse seguimento, utilizou-se instrumento contendo: dados demográficos e clínicos, dados referentes aos materiais utilizados na terapia tópica e dados sobre o tempo utilizado pelo profissional para a realização do procedimento. Os preços dos materiais foram identificados junto ao Setor de Compras do hospital. Além desse, empregou-se o PUSH2-3. O cálculo dos custos diretos foi realizado a partir da somatória das três categorias de custos: limpeza, coberturas e procedimento4. Os dados foram submetidos aos testes de correlação de Pearson, t-pareado e regressão logística linear. Os pacientes que compuseram a amostra do estudo eram predominantemente homens (22/ 59,5%), 57,9 ± 20,8 anos, com 1,5 ± 1,5 lesões em média/ por paciente e 18,3 ± 23,9 dias de seguimento. Das 55 lesões, 37 (67,3%) eram úlceras por pressão (UP), 8 (14,5%) vasculogênicas e diabéticas (UV/D) e as demais (10/18,2%), de etiologia diversa. O custo total no tratamento das feridas foi de R$15.997,78, dos quais 51,5% relacionaram-se aos custos com limpeza; 32,6% corresponderam aos custos com coberturas e 15,9%, aos custos com procedimentos. Especificamente para os diferentes tipos de feridas analisadas, os custos com as terapias tópicas das UP representaram 77,7% do total, enquanto esses foram de 6,3% para as UV/D e de 16% para as demais. Além disso, o custo foi significativamente maior para seguimento superior a 16 dias (p=0,039). Conclusão: O estudo permitiu concluir que os custos mais expressivos foram relacionados à limpeza, às UP e ao tempo de seguimento superior a 16 dias.