CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL CLÍNICO E SOCIODEMOGRÁFICO DE HOMENS COM QUEIXAS DE SINTOMAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR EM CONSULTA DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA
Resumo
Introdução: A incontinência urinária é definida como a perda involuntária de urina, condição que afeta homens e mulheres de todas as faixas etárias. Estima-se que ocorra em 11% a 34% dos homens e 13% a 50% das mulheres com mais de 60 anos. Em homens está associada a diversos fatores, destacando-se a idade avançada, a presença de hiperplasia prostática benigna, procedimentos cirúrgicos, medicamentos, assim como o tratamento de câncer de próstata. Esses fatores têm sido identificados como os mais relevantes na etiologia da incontinência urinária masculina1,2,3. Objetivo: Caracterizar o perfil clínico e sociodemográfico de homens com queixas de disfunção do trato urinário inferior durante uma consulta de enfermagem em estomaterapia. Método: Estudo transversal descritivo retrospectivo, a partir da análise de dados de prontuários de homens que realizaram consulta de enfermagem especializada prévia ao estudo urodinâmico. A coleta de dados foi realizada em julho de 2023, foram analisados prontuários do período de janeiro a junho de 2023, em um serviço municipal especializado no estado de Pernambuco. A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa, com o parecer favorável para sua realização sob o número do parecer: 5.997.673. Resultados: Foram incluídos 24 homens que apresentavam queixas urinárias. Desses entrevistados, de acordo com o perfil sociodemográfico, a média de idade foi 58,54 anos, com pessoas entre 23-79 anos; 54% eram aposentados; 42% possuíam ensino médio completo; 46% consideravam-se pardos; 83% tinham o catolicismo como religião; e 63% eram casados. Em relação ao estilo de vida, 88% não praticavam nenhum tipo de exercício físico; 42% não tinham uma vida sexual ativa; 96% consumiam algum tipo de bebida considerada irritante para a bexiga pelo menos uma vez ao dia. Em relação às comorbidades, 63% tinham hipertensão arterial; 42% tinham diabetes mellitus; 88% nunca haviam recebido qualquer tipo de tratamento comportamental; e 92% não utilizavam nenhum tipo de medicamento para incontinência urinária. Em relação às queixas urinárias apresentadas, 75% apresentavam noctúria pelo menos duas vezes todas as noites; 64% tinham sintomas de urgência urinária; 45% relataram sintomas de hesitação; 80% tinham gotejamento pós-miccional; assim como 70% sentiam como se a bexiga não tivesse sido esvaziada corretamente. Conclusão: Podemos concluir que todos os homens participantes do estudo apresentaram pelo menos um fator que pode agravar ou desencadear a incontinência urinária. Além disso, os dados demonstraram a ausência de tratamento conservador que decorrente da falta de acesso ou busca por tratamento pode levar a uma persistência dos sintomas e a um aumento do impacto negativo na qualidade de atividades de vida diária dos homens afetados, assim como a presença de sintomas de urgência urinária, hesitação e gotejamento pós-miccional. Esses resultados estão em consonância com a literatura existente sobre a incontinência urinária em homens, contribuindo para uma melhor compreensão dessa condição. Dessa forma, o estudo motiva os profissionais de saúde a adotarem uma abordagem diferenciada em relação à saúde masculina. Assim como o oferecimento de serviços de tratamento comportamental para incontinência urinária.