PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LESÃO POR PRESSÃO ASSOCIADA AO POSICIONAMENTO CIRÚRGICO
Resumo
Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico dos pacientes que apresentaram lesão por pressão associadas ao posicionamento cirúrgico. Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo, exploratório, com abordagem quantitativa, desenvolvido de junho de 2018 até junho de 2021, em um hospital ortopédico referência em cirurgias de coluna, localizado em São Paulo, capital. O serviço possui um centro cirúrgico com 10 salas cirúrgicas e capacidade instalada para 125 leitos. Volume médio cirúrgico de 600 procedimentos por mês. Foram incluídos pacientes submetidos a procedimento cirúrgico na instituição citada, que apresentaram um incidente caracterizado como lesão por pressão ocasionada pelo posicionamento cirúrgico, que tenha sido notificado. A coleta de dados foi realizada através do sistema de notificações espontâneas do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP). A coleta extraiu os seguintes dados: data em que a lesão foi notificada, número de atendimento do paciente para identificação de prontuário, descrição da notificação do evento adverso com as palavras do notificador, estágio da lesão, número de lesões notificadas de cada paciente, localização anatômica, gênero, idade, procedimento cirúrgico, tempo cirúrgico, peso, altura, índice de massa corpórea, comorbidades. Esses dados foram organizados em planilha de Microsoft® Excel para para construção de tabelas e gráficos e obtenção das médias, medianas, valores mínimos, valores máximos e desvios padrões Resultados: A amostra foi composta por 54 pacientes, sendo maioria do sexo feminino, idade média de 44 anos, a média de peso dos pacientes foi de 75kg, altura de 164cm e IMC de 27. 68,5% relatavam possuir algum tipo de comorbidade, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) foi relatada em 30% dos pacientes e Diabetes Mellitus (DM) em 15%. A soma total foi de 84 lesões, a maioria foi classificada como Estágio 1 (53,6%) e 30% dos pacientes com Lesões de Estágio 2, sendo a principal localização anatômica a região do mento (31%) (n=26), seguida pela região do lábio (11%) (n=10), região zigomática (9,5%) (n=9), frontal (9%) (n=8) e região do tórax (8%) (n=7). O tempo médio de duração do procedimento cirúrgico entre os pacientes foi de 257 minutos, foi encontrada estatisticamente associação entre o tempo de cirurgia e o estágio da lesão, sendo 272 minutos aparentemente um tempo relevante para ser utilizado como um possível parâmetro de risco para lesões mais graves. Não foi encontrada correlação significativa entre o tempo cirúrgico (em minutos) e o número de lesões dos pacientes (p = 0,20), com os dados do teste de correlação de Spearman. Conclusão: O presente estudo, permitiu traçar o perfil epidemiológico dos pacientes com lesão por pressão associado ao posicionamento cirúrgico na instituição em questão e evidenciou que o tempo cirúrgico é um fator de risco importante para o desenvolvimento de lesão por pressão no período perioperatório. Presume-se que este estudo poderá auxiliar a compreensão desta problemática para que os protocolos direcionados à prevenção de lesões por pressão decorrentes do posicionamento cirúrgico, colaborando diretamente com a segurança do paciente, diminuição de gastos institucionais, diminuição do período de internação e aumentando consequentemente a qualidade e excelência dos cuidados em enfermagem.