IMPORTÂNCIA DA DEMARCAÇÃO ABDOMINAL PARA CONFECÇÃO DE ESTOMIAS INTESTINAIS
Resumo
Introdução: Para toda indicação de confecção de estomia intestinal faz-se necessária a demarcação abdominal, procedimento assegurado como direito do paciente e fundamental no processo de reabilitação, pois reduz as complicações pós-operatórias e contribui para melhoria da qualidade de vida.1,2 O cotidiano da pessoa com estomia experimenta repercussões em múltiplos aspectos e o processo de reabilitação deve ter enfoque na adaptação da reconfiguração anatômica e nas atividades de vida diária. Nesse sentido, a demarcação do local do estoma deve ser ideal, podendo ser realizada preferencialmente por enfermeiro Estomaterapeuta e/ou médico-cirurgião.2 Objetivos: Caracterizar o perfil dos pacientes demarcados para confecção de estomia intestinal em um hospital universitário do Estado do Rio de Janeiro e identificar as contribuições da demarcação abdominal para a qualidade de vida dos pacientes. Método: Pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa em andamento aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 4.518.658, compreendida por três fases. A primeira fase foi desenvolvida pela estomaterapeuta na unidade de internação, onde foi realizada demarcação abdominal no período pré-operatório e orientações ao paciente e familiares sobre cuidados com pele periestoma, uso de equipamentos e adjuvantes no pós-operatório. A segunda fase foi desenvolvida por telemonitoramento mediado por duas ligações telefônicas no 7° e no 14º dia pós alta, onde paciente ou familiar respondiam perguntas sobre cuidados com a estomia, com a região periestoma, ocorrência de complicações, manejo do equipamento coletor e realização do autocuidado. A última fase, no 30º dia pós alta, ocorreu com consulta de enfermagem presencial contemplando dados sociodemográficos, avaliação do estoma e periestoma com o uso de instrumento de avaliação e classificação de lesão cutânea periestomal.3 Resultados: Obteve-se dezoito participantes no período entre dezembro de 2022 a junho de 2023. Todos compareceram à consulta após 30 dias de alta hospitalar; 55,5% homens com média de idade 63,9 anos; neoplasia intestinal apresentou-se em sua totalidade como doença de base, confirmando pesquisas que evidenciam a doença oncológica como principal causa de estomias intestinais.4 Todos os participantes confirmaram terem recebido orientações durante a internação e enfatizaram como importante terem sido “desenhados” no abdome pela enfermeira; 88,8% das ligações do telemonitoramento ocorreram com o participante, as demais com cuidador ou familiar. Com relação ao autocuidado, 33,3% realizam e 66,7 % informaram que o estoma era manipulado pelo familiar ou cuidador. Indagados sobre esse aspecto, afirmaram não realizarem o autocuidado por estarem se “acostumando com a novidade”. 100% dos participantes foram demarcados 24 a 48 horas antes da cirurgia proposta, obedecendo critérios científicos preconizados.2 55,7% mantiveram a pele periestomal íntegra; 38,8% apresentaram hiperemia periestomal relacionadas ao recorte ou manejo inadequado do equipamento ou ângulo de drenagem lateralizado. Detectada lesão periestomal erosiva em 5,5%, relacionada ao tratamento adjuvante da radioterapia. Não foi evidenciada nenhuma complicação relacionada à localização da estomia intestinal. Conclusão: O estudo confirma que a demarcação abdominal contribuiu para menor complexidade de complicações. Destacam- se as três etapas desenvolvidas: demarcação, telemonitoramento e consulta de enfermagem como medidas aliadas para ajustes na reabilitação, facilitando o autocuidado e qualidade de vida da pessoa com estomia intestinal.