LESÃO POR PRESSÃO EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE COVID-19: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Resumo
INTRODUÇÃO: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2 1. Durante a pandemia, cerca de 5% da população acometida por Covid-19 necessitou de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesse período, foi amplamente divulgado o aumento da prevalência de lesões por pressão (LP)2. O aumento de LP 3 foi relacionado à gravidade dos pacientes em combinação com alterações cutâneas e sistêmicas decorrentes da infecção pelo novo vírus 4. O objetivo desse estudo foi identificar a prevalência de lesão por pressão em pacientes infectados pela Covid-19 e os principais fatores de risco associados. Os resultados pode subsidiar novas recomendações e/ou alterações nas diretrizes aplicadas para prevenção de LP nessa população. MÉTODOS: Coorte retrospectiva conduzida pela análise de prontuários e de banco de dados criptografados da UTI de um hospital de grande porte da cidade de São Paulo. Foram incluídos prontuários de pacientes com 18 anos ou mais internados na UTI entre 12 de março e 24 de junho de 2020, com diagnóstico de Covid-19 confirmado por RT-PCR. Dados demográficos, clínicos e das LP foram coletados. Os dados foram transferidos para uma planilha do microsoft excel e analisados por estatística descritiva e inferencial por meio do programa estatístico Stata- 14, assumindo 5% de significância estatística. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do respectivo hospital (CAAE 38852220.4.0000.0070). RESULTADOS: Foram incluídos 322 pacientes, sendo a maioria do sexo masculino (222/ 69%), com média de idade de 69 anos (DP= 15,5). A prevalência de LP foi 9,32% (30), 25/30 (83,3%) pacientes com LP eram do sexo masculino.? Dentre as LP identificadas, 22 (30%) estavam localizadas na região sacral e 13 (43%) foram classificadas em estágio 1 (13/43%). Os fatores de risco associados à ocorrência de LP foram: hemoglobina menor (11,4 g/dL vs 12,2 g/dL ; p <0,05), choque séptico (8% vs 26%; p<005) e a probabilidade de óbito (SAPS3) foi significativamente maior nesse grupo (média 24,3 vs 38,5; p<0,05). Os resultados da regressão logística evidenciaram que pacientes com probabilidade de óbito entre 36 e 57% segundo a escala SAPS3, tiveram 3,4 vezes mais chance de desenvolver LP (com significância estatística IC= 1,0126 – 12,118) e sexo feminino reduziu a chance de LP em 74% (OR 0,2612; CI 0,0642 – 0,8537).?Quanto aos desfechos clínicos, a mediana na permanência dos pacientes na UTI foi 16 dias a mais e a proporção de óbitos maior (37% vs. 16%) nos pacientes com lesão por pressão, ambos com significância estatística (p<0,05). CONCLUSÃO: A prevalência de LP em pacientes críticos com Covid-19 foi de 9,32%. Alguns parâmetros clínicos dos pacientes com LP parecem sinalizar a relação de risco adicional da Covid 19 para a prevalência lesão por pressão. Mais estudos serão necessários para confirmar a Covid-19 como um risco adicional para o desenvolvimento de LP.