SUPERFÍCIES DE SUPORTE PARA PREVENÇÃO DE LESÃO POR PRESSÃO DISPONÍVEIS NO BRASIL: ANÁLISE COMPARATIVA-DESCRITIVA
Resumo
Introdução: Lesão por pressão (LP) é definida pela National Pressure Injury Advice Panel (NPIAP) como dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes como resultado da pressão ou combinação de pressão e cisalhamento, ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. Devido a sua alta ocorrência, suas consequências são de amplo impacto, incluindo: gastos copiosos com seu manejo, prolongamento do tempo de internação e aumento da mortalidade. Uma das formas de prevenir esse dano evitável é o uso de superfícies de suporte – dispositivos especializados para redistribuição de pressão projetados para gerenciamento de cargas tissulares, microclima e/ou outras funções terapêuticas. No mercado, há grande variedade destes produtos, mas as informações sobre a melhor opção de escolha ainda são incertas, o que torna a sua busca uma tarefa desafiadora. Objetivos: Sintetizar as características das superfícies de suporte disponíveis no Brasil e compará-las com as recomendações da NPIAP que caracterizam os critérios para que uma superfície de suporte possa ser considerada um produto que auxilie na prevenção de LP, auxiliando na tomada de decisão para aquisição deste produto. Método: Foi realizado um estudo comparativo-descritivo sobre as superfícies de suporte disponíveis no Brasil através de busca eletrônica no site de consulta da ANVISA e nos sites das empresas fabricantes e fornecedoras, bem como através de contato via e-mail com as estas empresas. Os dados encontrados foram agrupados em uma tabela e avaliados quanto à adequação ou não às características definidoras de qualidade estabelecidas pela NPIAP. Resultados: Foram exploradas ao todo 22 variáveis relativas à superfície, a sua capa e ao seu registro na ANVISA. A NPIAP (2019) recomenda para indivíduos em risco de desenvolver LP o uso de colchão: reativo de espuma de camada única de alta especificação, reativo de ar ou dinâmico de ar com pressão alternada; e para indivíduos já com LP instauradas o uso de superfícies de suporte especiais. No Brasil, nenhum produto informa todas as seis características definidoras de uma espuma de alta especificação. 25 possuem permeabilidade à vapor de umidade, 18 espessura ? 15cm, 17 espuma HR e 21 densidade > 35 kg/m³. Além disso, há 4 colchões reativos de ar e 16 colchões dinâmicos de ar com pressão alternada disponíveis no país. Já dentre as superfícies de suporte especial, fora as com pressão alternada, apenas 4 possuem tecnologia adicional, sendo todas elas de micro perda de ar. Conclusão: A escolha da superfície de suporte permanece um desafio, considerando a escassez de informações, a disponibilidade de algumas informações apenas no idioma nativo do fabricante e o conflito de informações entre os manuais de fornecedores e fabricantes, seja por erros na tradução ou pela adoção de parâmetros distintos pelo Brasil e pelos países de origem. São necessários mais estudos sobre o tema e fiscalização sobre as informações incluídas na ANVISA. Contribuições para a estomaterapia: Este estudo pode auxiliar a tomada de decisão do profissional de saúde sobre a superfície de suporte ideal para sua realidade, possibilitando a prevenção eficaz de LP.