EXPLORANDO A TRANSIÇÃO DO CUIDADO E SEUS IMPACTOS NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM ESTOMIA
Resumo
Introdução: A criação de uma estomia, abertura artificial no abdômen para eliminar conteúdo intestinal ou urinário, marca um evento desafiador na vida(1). Essa intervenção cirúrgica, embora necessária em diversas situações, exige adaptações físicas, psicológicas e sociais que impactam significativamente na qualidade de vida (QV) da pessoa(2). Diante desse cenário, as equipes de saúde enfrentam um desafio crescente em garantir uma transição de cuidados eficaz no processo de desospitalização e quando pensamos em pessoas com estomias esse desafio se torna ainda maior, visto que é necessário uma atenção e cuidado qualificados dos profissionais de saúde envolvidos(3). Compreender a complexa jornada da transição do cuidado e os diversos fatores que influenciam a QV de pessoas com estomia é crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes que promovam o bem-estar dessa população(4). Objetivo: Avaliar a qualidade da transição do cuidado de pacientes com estomias durante a transição do ambiente hospitalar para o domicílio e seu impacto na qualidade de vida. Método: Este estudo de natureza transversal, analítica e descritiva envolveu 84 pacientes submetidos à cirurgia de estomia no Hospital de Clínicas da UNICAMP, avaliados de 1 a 4 semanas após a alta hospitalar. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (CAAE nº: 55547321.50000.5404) e parecer nº: 5272939. Após aprovação, os participantes foram contatados por telefone para responder aos questionários Care Transitions Measure e Stoma-Qol. Análises estatísticas descritivas e analíticas foram conduzidas. Resultados: A média total do escore de qualidade da transição do cuidado foi de 65,18. O aspecto "Plano de cuidado" recebeu a pontuação mais alta (66,97), enquanto "Entendimento sobre medicações" obteve pontuação mais baixa (63,82). Itens relacionados à segurança nos cuidados e aos efeitos colaterais dos medicamentos apresentaram as pontuações mais baixas. Embora uma correlação significativa tenha sido observada entre os escores dos instrumentos, foi de magnitude fraca. Dentre as ações que visam aprimorar o cuidado às pessoas com estomia, destaca-se a demarcação cirúrgica e ações de educação em saúde no preparo da alta, como orientações e treinamentos, com participação ativa do paciente e seus cuidadores. Conclusão: A qualidade da transição do cuidado foi avaliada como moderada e pode ter implicações na qualidade de vida dos pacientes com estomias. É crucial implementar medidas para aprimorar o processo de alta hospitalar, garantindo a continuidade dos cuidados domiciliares, reduzir complicações e reinternações e melhorar a qualidade de vida. Contribuições para a estomaterapia: Explorar os fatores sociodemográficos, psicológicos e sociais relacionados à estomia, e ao cuidado que influenciam a QV de pessoas com estomia. Discutir os desafios e oportunidades presentes na jornada da transição do cuidado, buscando estratégias para promover o bem-estar físico, psicológico e social dessa população. Apresentar recomendações para aprimorar o cuidado de pessoas com estomia, com foco em um modelo integral e individualizado que atenda às suas necessidades multifacetadas. Descritores: Alta do paciente. Planejamento da alta. Enfermagem. Estomaterapia. Qualidade de vida.