PERCEPÇÕES DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS PARA O AUTOCUIDADO
Resumo
Introdução: Em 2021, no Brasil havia cerca de 400.000 pessoas com estomias intestinais decorrentes de malformações congênitas, tumores, traumas abdominais, doenças inflamatórias intestinais, entre outros. Essa condição causa impactos na vida devido à necessidade de adaptações para o uso de equipamentos coletores para controle da incontinência intestinal. Compreender a perspectiva das pessoas sobre os desafios vivenciados durante o processo de adaptação é essencial para que o enfermeiro possa trabalhar em prol do estímulo e ações para a promoção do autocuidado. Objetivo: identificar as percepções de autocuidado de pessoas com estomias de eliminação intestinal. Método: Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa realizada em uma associação de pessoas estomizadas localizada na região sul do Brasil. Para convite dos participantes realizou-se uma reunião com as pessoas cadastradas neste serviço e após a exposição da pesquisa, os que aceitaram participar, fizeram parte do grupo operativo, no formato online pela Plataforma Teams. Participaram oito pessoas e suas narrativas foram transcritas com o auxílio do software Reshape. Após leitura flutuante agrupando as narrativas coincidentes, em categorias temáticas. Foi respeitada a Resolução nº 466, de 2012 e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos por meio do parecer nº 6.538.610. Resultados: Emergiram três categorias, sendo a primeira viver com estomia onde foram identificados os mecanismos de aceitação e adaptação diante das dificuldades de viver com uma estomia. Os sentimentos envolvidos durante esse processo foram tristeza, medo e preocupação em relação ao olhar do outro. A segunda categoria: cuidados essenciais com estomias de eliminação intestinal, onde os participantes revelaram as informações que deveriam receber dos profissionais de saúde para desenvolverem seu autocuidado, destacando os cuidados com: higiene e limpeza, vestuário, ambientes (praia), alimentação, atividades físicas, vida sexual, o que fazer para evitar complicações em relação à pele-dermatite/alimentação- fecaloma. A terceira categoria, condições e adaptações da pessoa com estomia intestinal: evidenciou a importância do apoio dos familiares, amigos ou pessoas que também são estomizadas. Conclusão: Ao identificar as percepções da pessoa com estomia intestinal em relação ao autocuidado foi possível compreender as dificuldades e desafios vivenciados por elas; ressaltando ainda, que as informações fornecidas pelos profissionais de saúde ainda apresentam fragilidades. Portanto, se faz necessário implementar a consulta de enfermagem nos serviços de saúde pautada na sistematização do cuidado relacionado ao perfil dessas pessoas, em consonância às suas necessidades e perspectivas. Contribuições para a Estomaterapia: O estomaterapeuta precisa compreender o contexto e a as diversas dimensões da pessoa com estomia, para que possa atuar em prol de uma melhor assistência, com foco na reabilitação dessa pessoa e na melhoria da qualidade de vida. As várias dimensões do cuidado, se bem estruturadas podem subsidiar o autocuidado e um processo de viver saudável.