PERCEPÇÃO DE PESSOAS COM ESTOMIA DE ELIMINAÇÃO EM RELAÇÃO AO AUTOCUIDADO A PARTIR DA CONSULTA DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA
Resumo
Introdução: O objeto deste estudo versa sobre o autocuidado de pessoas com estomas de eliminação e a consulta de enfermagem em estomaterapia. Objetivo: Analisar a percepção das pessoas com estoma de eliminação sobre a consulta de enfermagem em estomaterapia em relação ao seu autocuidado. Método: Estudo com abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, com 21 participantes, todas pessoas com estoma de eliminação, atendidos em uma clínica de estomaterapia no estado do Rio de Janeiro. A coleta de dados utilizou um roteiro de entrevista semiestruturada para caracterização sociodemográfica e clínica dos participantes, seguidos de questionamentos sobre o objeto de estudo. Para tratamento dos dados utilizou-se estatística descritiva simples e a análise lexical através do software interface de R pour les Analyses Multidimensionais de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ®). O processamento de dados pela classificação hierárquica descendente teve aproveitamento de 88,14% dos segmentos de texto, gerou 2 blocos temáticos e 7 classes. Para atender o objetivo deste estudo, optou-se pela classe 6. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número de parecer 6.578.186/2023. Este estudo é um recorte do trabalho de conclusão de curso da Pós-graduação de Enfermagem em Estomaterapia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Resultados: O perfil foi predominantemente feminino (71% - n: 15) e idoso (52,4% - n:11). As causas de confecção do estoma, foram por neoplasias 71% (n: 15), sendo câncer de reto com 67% (n 10), e a Doença de Crohn como segunda causa mais relevante, em 28% (n: 6). Das estomias, 57% (n: 12) eram colostomia e 23% (n: 6) ileostomia, sendo maioria com tempo de estomia de 1 a 5 anos em 62% (n: 13), e 87,7% (n: 18) com estomia de caráter definitivo. Verificou-se o desconhecimento acerca da condição de saúde atual e o manejo com o estoma antes da consulta com o enfermeiro estomaterapeuta. Evidenciou-se a importância do enfermeiro estomaterapeuta neste processo de reabilitação, por proporcionarem maior segurança para o manejo e cuidados com o estoma. Os participantes reconheceram a necessidade do estomaterapeuta, no seu acompanhamento para melhor adaptação às novas rotinas e condições de saúde e, consequentemente, para melhoria na qualidade de vida. Observou-se maior dificuldades nas pessoas que não tinham acesso ao acompanhamento com o especialista. Conclusão: Destaca-se que o processo de adaptação à estomia é gradativo e, neste cenário, é de relevante importância a consulta e acompanhamento do enfermeiro estomaterapeuta na promoção do autocuidado. O estomaterapeuta é parte essencial no processo terapêutico das pessoas com estomas de eliminação, como educador e incentivador das orientações para adaptação à nova condição de saúde, reabilitação e reinserção social. Merece destaque, que após as orientações do especialista durante as consultas de enfermagem em estomaterapia, observa-se maior comprometimento, envolvimento e empoderamento do paciente ao seu autocuidado. Contribuições: Este estudo servirá como base para aprofundamentos e discussões acerca da formação do profissional estomaterapeuta e ainda sobre a assistência de enfermagem especializada a este público e podendo contribuir para a gestão e coordenação de cursos de formação em estomaterapia.