PREVALÊNCIA DE MICOSE INTERDIGITAL: ETAPA TRANSVERSAL DE UMA COORTE DE AVALIAÇÃO DA DOENÇA DO PÉ RELACIONADA AO DIABETES MELLITUS
Resumo
Introdução: O Diabetes Mellitus é considerado uma epidemia que afeta mais de 463 milhões de pessoas no mundo e está relacionado a um risco aumentado no desenvolvimento de complicações agudas e crônicas. A hiperglicemia assintomática ao longo dos anos, evolui gradativamente até que surgem complicações cardiovasculares, renais, oftalmológicas e neuropáticas, e ainda promove um risco aumentado para o desenvolvimento da doença do pé relacionada ao diabetes mellitus. As alterações dermatológicas também são significativas em pessoas com DM sendo que as lesões fúngicas interdigitais de membros inferiores estão relacionadas ao maior risco de desenvolvimento de úlceras nos pés e consequentemente à maior taxa de amputações, pois, atuam como porta de entrada de infecções agudas. Não foi identificado estudo brasileiro, nas principais bases eletrônicas e portal CAPES, que apresentasse a prevalência de micoses interdigitais. Objetivo: Identificar a prevalência de micose interdigital e o risco para a DPRDM. Método: Estudo transversal envolvendo 1572 pessoas com diabetes mellitus na Atenção Primária à Saúde. Foram analisadas as variáveis sexo, idade, ocupação, nível de instrução, renda, estado civil, polifarmácia, tempo do diagnóstico, presença de micoses interdigitais e ungueal, a presença de má higiene dos pés, se já tinha tido os pés examinados por profissional da saúde, presença de perda de sensibilidade protetora, suspeita de doença arterial periférica e a classificação de risco para o desenvolvimento da DPRDM seguindo os parâmetros do International Working Group on the Diabetic Foot. Realizou-se análise descritiva com apresentação das variáveis em frequência para identificação da prevalência. O estudo foi aprovado por um comitê de ética registrado sob número 4.752.204, seguindo os preceitos das pesquisas que envolvem seres humanos. Resultados: A prevalência de micose interdigital foi de 19,3%. Entre os participantes 63,3% eram mulheres; 62,3% apresentaram idade maior ou igual a 60 anos; 71,8% estavam inativos em sua ocupação; 53,5% estudaram até o ensino fundamental incompleto; 54,0% recebiam dois salários ou mais; 60,5% viviam com o companheiro; 75,4% faziam uso de polifarmácia; 51,4% apresentaram um tempo de diagnóstico inferior ou igual a 10 anos; 51,7% apresentaram unhas hipotróficas com micose; 92,9% não apresentaram má higiene dos pés; 76,7% não tinham tido os pés examinados por algum profissional da saúde; 88,5% não apresentaram perda da sensibilidade protetora; 64,2 estavam sem suspeita de DAP e 60,1% apresentaram risco muito baixo para o desenvolvimento da DPRDM. Conclusão: A prevalência de micoses interdigitais em pessoas com diabetes aumenta a chance de desenvolvimento de úlceras. Medidas simples durante a consulta de enfermagem como estímulo ao autocuidado, mantendo os pés e dedos limpos e secos, podem prevenir estas complicações. Contribuições para estomaterapia: A pesquisa e atividades realizadas pelo enfermeiro sobre doença do pé relacionada ao diabetes mellitus tem implicações significativas para a prática da estomaterapia. As ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da pessoa com risco ou já com a úlcera instalada podem determinar desfechos positivos que interferem na qualidade de vida.