IMPLEMENTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO À PESSOA LARINGECTOMIZADA NO ESTADO DO CEARÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resumo

INTRODUÇÃO: O câncer de laringe representa aproximadamente 25% dos tumores malignos que acometem a região de cabeça e pescoço e 2% de todas as doenças malignas.¹ Um dos tratamentos que podem ser indicados é a laringectomia total, uma cirurgia que consiste na retirada da laringe. Este procedimento implica na perda da voz e das funções das vias aéreas superiores, como diminuição da umidificação, prejuízo na filtração e aquecimento do ar.2 No Brasil, é sabido que a assistência especializada à pessoa estomizada e a distribuição de equipamentos é amparado em Portaria nº400, de 16 novembro de 2009, entretanto a distribuição de insumos está consolidada para pacientes com estomias intestinais e urinárias, ficando incipiente esta ação junto aos com estomas respiratórios.3 Diante disso, torna-se imprescindível a criação e manutenção de serviços especializados que visem à assistência integral das pessoas laringectomizadas. OBJETIVO: Relatar a experiência sobre a implementação de um serviço especializado no atendimento à pessoa laringectomizada no Ceará.

MÉTODO: Estudo descritivo, tipo relato de experiência, a despeito do atendimento de pacientes laringectomizados em um Serviço de Estomaterapia de um hospital especializado em doenças respiratórias na cidade de Fortaleza, Ceará. RESULTADO: Em dezembro de 2020, a Secretaria de Saúde do Estado (SESA) propôs um serviço que contemplasse atendimento e distribuição de insumos para pessoas laringectomizadas acatadas por judicialização. Anteriormente à implementação deste serviço, os atendimentos a este público limitava-se às consultas em ambulatórios de cabeça e pescoço e a acompanhamento voluntário de fonoaudiólogos. Todavia, com a necessidade da distribuição dos insumos, foi solicitado a assistência do estomaterapeuta, enfermeiro especializado para avaliação da estomia, capacitado a prevenir e tratar complicações, a dar orientação quanto aos cuidados com a pele periestoma e a indicar produtos específicos. Em abril de 2021, teve início o fornecimento de filtros permutadores de calor e umidade HME e adesivos profundos e planos, além da avaliação do estoma pelo enfermeiro estomaterapeuta. O primeiro processo de compras pela SESA contemplou 32 pacientes.
Destes, três foram a óbito no período, dois entraram em cuidados paliativos e quatro não receberam os insumos devido cenário de pandemia de Covid-19 ou impossibilidade de comunicação por telefone.
Dentre os obstáculos encontrados, houve dificuldade na elaboração e implementação de instrumentos padronizados, por se tratar de uma temática peculiar dentro da Estomaterapia. O correto fluxo para aquisição de insumos se mostrou um grande desafio. CONCLUSÃO: A criação de um serviço especializado nessa área foi uma grande conquista para os laringectomizados e para a Estomaterapia do Ceará, contribuindo para o aperfeiçoamento teórico-prático sobre esta estomia, melhorando a qualidade de vida desses usuários.