FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES DE ESTOMIA INTESTINAL EM PACIENTES ONCOLÓGICOS
Resumo
Introdução: O paciente oncológico com estomia intestinal vivencia alterações físicas e psicológicas geradas pelo impacto de possuir um diagnóstico do câncer e o processo de adaptação após a confecção do estoma. O enfermeiro contribui para sua reabilitação e o desenvolvimento do autocuidado considerando aspectos que influenciam a qualidade de vida da pessoa e as complicações associadas à estomia intestinal. Objetivo: Analisar os fatores de risco para o desenvolvimento de complicações relacionadas à estomia intestinal em pacientes oncológicos. Método: Estudo exploratório observacional de abordagem quantitativa e corte transversal. Foram entrevistados 26 pacientes pessoas estomia intestinal que realizam tratamento em uma instituição de saúde de Florianópolis, referência estadual em Oncologia e Cuidados Paliativos. Foram critérios de inclusão: possuir estomia intestinal de caráter temporário ou permanente, com diagnóstico médico de câncer do intestino, idade igual ou superior a 18 anos. A coleta de dados foi realizada por entrevista mediante roteiro de formulário estruturado em 9 domínios (dados sócios demográficos, fatores clínicos, situação de saúde atual, fatores relacionados à confecção da estomia, características do estoma, complicações da estomia, equipamento coletor e produtos adjuvantes, cuidado relacionados à estomia e fatores relacionados com os recursos de saúde. A coleta aconteceu entre agosto e dezembro de 2021. Para verificar associação entre variáveis e complicação da estomia utilizou-se teste de qui-quadrado (Exato de Fisher). O nível de significância foi de 95%. Todos os preceitos éticos foram respeitados e a pesquisa foi aprovada sob parecer 4.827.209 e CAAE: 2620031900000121. Resultados: A amostra foi composta por 26 pacientes, 13 mulheres e 13 homens, faixa etária entre 20 a 59 anos (50%) e 60 anos ou mais (50%); com diagnósticos de Adenocarcinoma de cólon (42,3%) e reto (38,5%). Com relação à situação de saúde atual, 17 pacientes (65,4%) estavam internados com alguma alteração clínica aguda, enquanto nove (34,6%) estavam em pós-cirúrgico. Os tipos de cirurgia realizados para confecção de estoma foram Retossigmoidectomia (23,1%), Colostomia em alça e Colectomia (19,2%), sendo que não houve demarcação pré-operatória. O procedimento diminuiu a interação sócias dos pacientes e 96,2% nunca participou de grupos de apoio. Sobre complicações prévias, 26,9% pacientes relataram ocorrências, sendo a dermatite periestomal a mais frequente (85,7%). Pacientes que possuíam retração apresentaram complicações, utilizavam bolsa coletora opaca, tinham vazamento de efluentes e eram parcialmente dependentes ou dependentes para o autocuidado. Foram detectadas nas entrevistas fragilidades nas orientações fornecidas aos pacientes durante o período perioperatório, o que pode ter contribuído para uma maior dificuldade no processo de autocuidado. Conclusão: A obesidade foi associada ao desenvolvimento de complicações. Dentre as características do perfil, ressalta-se a baixa escolaridade que pode interferir no aprendizado, logo o enfermeiro deve adaptar as orientações em consonância à clientela. Conhecimentos sobre o cuidado de um paciente com estomia intestinal e os tipos de equipamentos e outras tecnologias podem favorecer a assistência e diminuir as chances de desenvolvimento de complicações.