RISCO DE LESÃO POR PRESSÃO ASSOCIADO AO POSICIONAMENTO PERIOPERATÓRIO EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIAS UROLÓGICAS E GINECOLÓGICAS PELA VIA ROBÓTICA
Resumo
Introdução: A tecnologia está cada vez mais presente no sistema de saúde, proporcionando técnicas cirúrgicas mais seguras e menos invasivas ao paciente, como a cirurgia robótica. Esta ganha espaço entre procedimentos urológicos e ginecológicos, se assemelhando à videolaparoscopia, porém com vantagens de proporcionar visão tridimensional e maior precisão. O posicionamento cirúrgico adequado é imprescindível para o êxito da intervenção robótica e prevenção de possíveis complicações, como as lesões por pressão (LP), que impactam diretamente na qualidade da assistência prestada. Objetivo: Identificar o risco de ocorrência de LP no período intraoperatório em pacientes submetidos a cirurgias urológicas e ginecológicas por via robótica. Método: Pesquisa de campo, transversal, observacional, realizada no centro cirúrgico de um hospital privado, de extra porte, de São Paulo, que possui três robôs da Vinci®. A amostra foi composta por 65 pacientes submetidos a cirurgias urológicas e ginecológicas por abordagem robótica, entre fevereiro e julho de 2021. Para a coleta de dados foram utilizados os instrumentos: um formulário para caracterização do paciente e do procedimento e a Escala de Avaliação do Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO). Os dados foram tratados estatisticamente por média, mediana e desvio padrão, além de testes de probabilidade de significância de 5% e exato de Fisher. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sede do estudo, de acordo com as normas e preceitos ético- legais da Resolução 466/2012 (CAAE 41184220.4.0000.0071 e Protocolo 4.528.631). Resultados: No presente estudo, a avaliação de risco, realizada por meio da aplicação da ELPO, demonstrou que entre os 65 pacientes que compuseram a amostra, 70,77% apresentaram maior risco para o desenvolvimento de LP, com variação de pontuação entre 15 e 25 pontos, e média de 20,75 pontos. Quando analisadas as variáveis da ELPO, entre os pacientes classificados com maior risco, houve relevância em: sexo masculino (76,92%, p=0,04); posição de Trendelenburg acentuada, associada à Litotomia (85%, p=0,005); presença de comorbidades (75%, p=0,02), como hipertensão (88,57%, p=0,0009), diabetes (100%, p=0,003) e obesidade (95%, 0,003); peso e índice de massa corpórea (IMC) altos (p=0,001), representando uma tendência de aumento do risco para desenvolvimento de LP, conforme elevação do peso e do IMC. Conclusão: Observou- se que os pacientes cirúrgicos apresentam características que os colocam em risco para desenvolver LP. Em procedimentos por abordagem robótica, tem-se o desafio adicional das posições serem distintas do convencional, sendo que, aliadas aos demais fatores, podem impactar nesse risco. É de responsabilidade da equipe perioperatória a adequada avaliação de risco do paciente, o posicionamento cirúrgico seguro e o uso de medidas preventivas eficazes, a fim de mitigar a ocorrência das LP. Desta forma, se faz necessário o engajamento dos profissionais em processos de melhoria contínua, para implementação de melhores práticas de prevenção de tais lesões no contexto cirúrgico.