DESAFIOS DE UM ESTOMATERAPEUTA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DE UM AMBULATÓRIO DE ESTOMATERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução: A estomaterapia é uma especialidade da enfermagem que abrange os cuidados às pessoas com feridas de difícil cicatrização ou agudas, estomias, incontinências e fístulas1. O processo de trabalho do estomaterapeuta envolve amplas possibilidades de atuação, desde a assistência direta, como também atividades educacionais e gerenciais, que são essenciais para atender a alta demanda de pessoas2. Entretanto, o estomaterapeuta enfrenta diversos desafios para exercer suas atividades e fortalecer seu espaço nos serviços, sobretudo em razão de dificuldades institucionais, estruturação de serviços, sobrecarga de trabalho e dificuldades de autonomia3. Objetivo: Relatar os desafios enfrentados por um estomaterapeuta para o desenvolvimento e implantação de um ambulatório de estomaterapia. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, delineado a partir dos desafios identificados e enfrentados por um estomaterapeuta para desenvolvimento de um ambulatório de estomaterapia, implantado no município de Garanhuns, no agreste de Pernambuco, com média de população de 142.506 pessoas4. O ambulatório, situado em um centro de especialidades multiprofissional, de esfera municipalizada, onde faz parte da rede secundária e especializada, conta com apenas um enfermeiro estomaterapeuta responsável por coordenar, executar, avaliar as pessoas e fazer os atendimentos, e uma técnica em enfermagem que o auxilia neste processo. Este serviço atende pessoas provenientes via regulação das unidades básicas de saúde do município. As pessoas acolhidas são todas que apresentem feridas de difícil cicatrização, feridas complexas, e pessoas com estomias, onde são desenvolvidas atividades de prevenção, tratamento, orientação e educação em saúde. Desenvolvimento: O ambulatório de Estomaterapia foi desenvolvido em 2022, após se observar o aumento de pessoas com feridas complexas, de difícil cicatrização e com estomia. O processo de construção e implantação foi realizado pela secretaria de saúde e por um estomaterapeuta e se deu a partir do levantamento de pessoas com feridas, estomias, acamadas, cadeirantes, domiciliadas. A partir dessa análise, realizou-se um teste piloto para verificar viabilidade e, após, o treinamento com as enfermeiras das unidades básicas para o rastreamento por postos de saúde com o objetivo de justificar as compras de materiais de curativos para assistir à população. Ademais, também se realizou a construção do pregão de compras para os insumos e o treinamento de todas as equipes das unidades básicas de saúde, estratégias de saúde da família e do serviço de atendimento domiciliar, sobre feridas, curativos e estomias, para o aperfeiçoamento e um olhar acurado dos profissionais na condução e encaminhamento dos pacientes para o ambulatório. Nesse processo, os desafios para implantação do serviço se relacionaram ao processo de treinamento dos profissionais, estruturação do serviço, levantamento de dados para justificar a compra de insumos, além de gastos. Ressalta-se as diversas atribuições para o único estomaterapeuta da rede e responsável pelo ambulatório e outras funções assistenciais, gerenciais e educacionais. Contribuições para estomaterapia: conhecer as funções do estomaterapeuta e os desafios enfrentados na implantação de serviços de estomaterapia, além de incentivar mais profissionais na criação de ambulatórios e o fortalecimento do espaço do estomaterapeuta nas instituições de saúde.