PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS DE LESÕES DE PELE RELACIONADAS A ADESIVOS MÉDICOS EM HOSPITAIS BRASILEIROS: ESTUDO MULTICÊNTRICO

Resumo

Introdução: A prevenção de lesões de pele envolve cuidados de vigilância relacionados a traumas mecânicos ou químicos. Nesse contexto, o traumatismo tecidual causado pela remoção de fitas adesivas podem interferir não só na prevenção e tratamento da lesão cutânea, como também na qualidade da assistência(1,2). Assim, a lesão de pele relacionada a adesivo médico (Medical Adhesive Relation Skin Injury – MARSI) é definida como qualquer ocorrência em que o eritema e/ou outra manifestação de anormalidade cutânea (vesícula, flictema, erosão ou lesão por fricção) persiste por 30 minutos ou mais após a remoção do adesivo(3). Objetivo: Analisar a prevalência de lesão de pele relacionadas a adesivos médicos e fatores associados em pacientes internados nas unidades de terapia intensiva adulta de hospitais brasileiros. Método: Trata-se de um estudo observacional, transversal e multicêntrico, envolvendo quatro hospitais de grande porte distribuídos em três estados, com parecer do Comitê de Ética em Pesquisa número 3.503.492. A coleta de dados foi realizada em um dia e ocorreu nos meses de novembro/dezembro de 2020. As variáveis demográficas e clínicas foram coletadas dos prontuários e para identificação das MARSI foi realizado exame físico da pele. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, inferencial (qui-quadrado de Pearson), teste não paramétrico de Mann- Whitney, e regressão logística. Resultados: A população do estudo foi composta por 108 participantes com uma prevalência de 25,9% para MARSI, onde (13) 39,4% apresentavam lesão do tipo maceração e (08) 24,2% lesão do tipo dermatite de contato irritativa. Foi encontrada uma associação significativa entre MARSI com a avaliação subjetiva do estado nutricional (p = 0,032), fixação de acesso venoso periférico (p = 0,030) e evidenciado que quanto maior o número de adesivos usados, maior a chance de desenvolver a lesão (p = 0,001). Conclusão: A prevalência de MARSI foi expressiva, tendo ocorrência significativa do tipo maceração, associação com a avaliação subjetiva do estado nutricional e a fixação do acesso venoso periférico. E, quanto maior o número de adesivos usados, maior a chance de desenvolver a lesão. O estudo contribui para o conhecimento do comportamento epidemiológico da lesão de pele relacionada a adesivo médico em unidades de terapia intensiva, favorecendo melhorias na qualidade da assistência.